quarta-feira, setembro 13, 2006

Speakers' Corner §4: M.L.K. - Manifesto Liberdade e Kultura [Parte III]

Centremo-nos, agora, nisto: as fogueiras provocam as sombras - os intermediários provocam os fenómenos. Estabeleço pois: é necessário queimar as fogueiras! Chegou o tempo em que o escritor fala ao leitor, o realizador vê o espectador, o músico ouve o fã. E o instrumento da libertação tem o nome de: internet. E a libertação chama-se: gratuidade. Do céu caiu uma estrela: ela é o sinal! Na literatura, os blogues permitiram uma inédita proximidade entre os dois lados da barricada, construindo-se tantas vezes como complemento ao próprio livro; a possibilidade da criação simples de e-zines favoreceu a divulgação de grupos menores antes sem meio de expressão. Em cinema, tivémos já este ano o vanguardista exemplo de Soderbergh com Bubbles, lançado simultaneamente nas salas, na televisão e em DVD; bem como o case study do recentíssimo Snakes On A Plane em que a produtora, sob pressão dos fãs na net, se viu obrigada a filmar novas cenas. Musicalmente, os selos, apocalipticamente, abertos abriram abertamente o futuro: a Universal passará a distribuir as suas músicas gratuitamente já pelo final do ano; as netlabels são uma realidade emergente; os Artic Monkeys são a prova de que a Rede funciona como plataforma de lançamento de novos artistas; na Suécia, domingo saberemos os resultados eleitorais do Piratpartiet. No Canadá, no ano passado, um projecto de lei que visava criminalizar os downloads foi reprovado (de resto, mesmo em Portugal só o upload é estritamente punível) - em contrapartida, parte do preço dos CD-Rs reverte a favor dos artistas e editoras discográficas. Pedro Leitão, responsável pela TestTube, profeta khalil gibran, anunciou:

"Há quem diga que o download gratuito é um roubo. Mas o download não é gratuito, visto que implica um pagamento ao ISP que fornece o acesso à Net. Deviam ser os ISP a pagar ás editoras pelos downloads, á semelhança do que rádios e discotecas já fazem com as taxas dos direitos de autor. Um dia, a música será um bem fluido, pago por uma conta mensal, como a luz ou a água."

Estes, irmãos, são os sinais dos tempos.

Mas até que ponto estamos nós, artistas, prontos a acompanhar esta mudança? O mercado musical é aquele que, a uma primeira análise, mais facilmente - também porque nele mais rapidamente a viragem para o futuro se processa, por ser a arte maior - se adaptará e salvaguardará os interesses dos seus artistas. Afamados cantores já foram prontos, há muito, a esclarecer que não se opõem ao download. Vimos já anteriormente que, verdadeiramente, quem beneficia do sistema actual de venda de CDs são as editoras, pois nem mesmo na rica América a margem de lucro para os compositores chega a atingir os 10% sobre o preço de capa. Estabelecemos já que o sustento dos músicos são as suas tours e um sistema como o proposto por Pedro Leitão ou a forma como, pela publicidade, a Universal vai continuar a lucrar, asseguram a permanência de outros rendimentos menores extras. Com o tempo, sonho!, nesse tempo de fraternidade que virá, emergirão mesmo estúdios gratuitos, construídos pelo dinheiro de várias bandas reunidas que abrirão as portas destes aos novos, dispensando-lhes material, como quem convida para ser o supporting act de uma tournée - e a música florescerá, como uma magnólia - porque branca de pureza.

No cinema, como pode um realizador actuar neste novo espaço e novo tempo (a quarta dimensão) sem intermediários? O filme é, indubitavelmente, das três artes que vimos falando, a que mais meios envolve, mesmo quando o seu orçamento é nitidamente baixo, também porque, evidentemente, é a que emprega mais pessoas. No dia em que o dinheiro se extinguir, há uma aurora boreal que anunciará a dissolução dos problemas que falamos - e Tyler Durden sorrirá. Hoje, permanece, estátua, a necessidade de alimento. Aos cineastas, como músicos em tournées, resta receber dividendos da exibição pública das metragens antecipadamente. Duas perguntas: 1) como, se os cinemas não são controlados pelos cineastas? 2) como, se a ida sociológica ao cinema está em queda? Obviamente, o sonho pressupõe o sonho. Se Coppola e Lucas fizeram a Zoetrope, se Von Trier concebeu Zentropa, se Spielberg criou a Dreamworks, eis chegada a hora de os realizadores, além das suas produtoras, formarem as suas salas, assegurando pessoalmente e directamente a distribuição dos filmes e recolhendo os lucros da exibição. E como um dia os estúdios serão dos músicos, assim virá aurora em que lusomundos serão dos cineastas. Mau grado a crise do ano passado, público continuará a afluir ao cinema, porque o grande ecrã é a essenciabilidade da sétima arte. Um 5.1. dollby surround não substitui um josé lúcio leiriense. Há sempre uma razão para ir ao cinema - mas é preciso também que fabriquemos essa razão. Experiências como o IMAX ou o Optimus Open-Air são pioneiras nesse campo nos tempos nossos, mas que falar do Napoléon de Abel Gance em 1927 ou os drive-ins doutrora? Adicionalmente, outra possibilidade, secundária, de financiamento dos artistas da área é o mecenato dos espectadores. Leiam-se, de novo, astrologicamente, os signos:

"We now live in an era where a blogger like Josh Ellis could ask his readers to pay him$500 so he could travel to Nevada and write an essay about his trip to the origins of the Manhattan project or where Daniel at PouringDown.tv could raise over $2000 from dozens of readers via Fundable.org to go and make a film a day on a week long road trip for the Seven Maps project."

Certos dirão que isto se traduziria, redundantemente, na não gratuidade dos filmes. Mas estamos perante uma falácia, porque obviamente o espectador nunca financiará todos os filmes que consumirá. Outro projectos gratuitos angariam também eles: nomeadamente a Wikipedia. Outros afirmarão que os realizadores se libertarão da escravatura da indústria só para resvalarem para a do público: o realizador, em vez de ter de convencer um estúdio, terá de convencer o seu público - o que é sempre a prova derradeira, agora tornada primeira. E o público não pode nem deve ser um problema - um filme, como veículo de uma mensagem, de uma weltanschauung, precisa de um interlocutor - cujo nome é: Público. Mesmo uma visão muito pessoal, necessariamente pouco apelativa às massas, encontrará nelas, quando elevadas cultas, suporte. E o cinema brotará como um rio - porque nasce nas montanhas, chamadas: Alturas, e desce ao mundo, regando.

Por fim, escritores que somos nós, como nos vestimos de festa para a celebração? O material mais precariamente protegido, mais propenso ao plágio, é, indiscutivelmente, o nosso. Possuímos, frutuitamente, mecanismos e organismos que asseguram os nosso direitos morais sobre as obras, conquanto as registemos. Verdadeiramente, muitos, pouco passam deste estádio. As editoras, protectoras, consentem, em matérias invisíveis como a poesia, na publicação se os lucros respeitantes ao autor revertem para elas até que os custos de publicação estejam cobertos. Tendo em conta que o lançamento de poesia em Portugal é, praticamente sempre, um investimento não recuperado, nunca poeta algum ganharia pão com a sua poesia senão em utopia. Assim, ao poeta colocam-se, francamente, poucas dúvidas, pela prática, de gratuidade da sua poesia. A publicação é perseguida pelo formato palpável de livro que permite - e é a dificuldade de extinção deste que condiciona, na literatura, o objectivo comum para Arte que aqui temos prosseguido. Se a música percorreu diversos formatos, do saudoso vinil ao impalpável mp3; se o cinema coube primeiro em película e hoje é digital, foi primeiro bobina, sofreu a metamorfose de ser VHS e acabou, mariposa, em DVD só para, insecto, se extinguir breve e das duas asas chamar-lhes, à esquerda, HD-DVD, e à direita, Blu-ray; o livro, esse, inalterável, ficou gutenberg desde o (re)nascimento. É pois complicado conceber o livro num formato alheio ao papel, livro cibernético e informático em plenitude. E isto condiciona a situação do escritor na nova distribuição da Arte: por um lado, é desconhecido qualquer meio de rendimento consistente de um escritor a tempo inteiro que não as suas obras (não há, como no cinema, salas; como na música, tours); por outro, o papel terá de ser sempre pago, inclusive por razões ecológicas. Uma reflexão pertinente aflora, contudo: raros são, excepto velhos, os só-escritores. A escrita tem por característica ser sempre uma actividade secundária longamente. Não se ouve falar de músicos, mesmo entre os menos conhecidos, que, após o lançamento do seu primeiro álbum, permaneçam no activo numa qualquer profissão de secretária. Paralelamente se comportam os cineastas, intercalando entre longas-metragens, videoclips e anúncios publicitários. A condição da escrita é, ipso facto, árdua. Excepcionando traduções, ninguém pode viver de se sentar ao computador. Mais uma vez, o escritor aparece, dentre as três artes que, sistematicamente, temos vindo a analisar, como o mais propenso a mais facilmente ceder à gratuidade, por o seu estado ser, de facto, bastante semelhante já a esse, de resto. Publicar um livro é muito mais a necessidade de uma concretização da natureza e modo e forma da escrita do que um verdadeiro lucro. É a condensação de um desejo que brota do interior do escritor, como o é do realizador ver o seu filme numa sala ou do música de uma audiência a cantar along. A primeira solução ponderada então é, como o Bubbles do cinema, o duplo lançamento da obra: simultaneamente a nível cibernético e editorial/livreiro. Isto materializaria o livro sem ofender a gratuidade que buscamos da Arte. Se o terreno cibernáutico é, nalguns formatos, mais favorável, o rígido papel permitirá a muitos a concretização mais fiel dos intentos. Uma taxação, como os canadianos nos CD-Rs, das folhas de papel (necessariamente requeridas para impressão dos textos online) poderia acalmar os objeccionistas da primeira medida. Creio, sinceramente, na possibilidade fáctica desta nova literatura, capaz até de explorar, modernisticamente (isto é, em jeito dos primeiros modernistas), as potencialidades do ciberespaço e as incluir na sua própria estrutura. E a literatura será como a semente da mostarda - "é a mais pequena de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos."

Mais: até, amigos!, nesta luta, legalmente os juízes e os juízos nos compreendem e ajudam! Progressivamente, pela lenta dissolução dos direitos de autor, para a ribalta saltam livros, filmes, músicas! Na altura em que, beatles feitos, cantarmos "when i'm sixty-four", poderemos ver gratuitamente um filme de Kubrick, ler um romance de Vergílio Ferreira ou ouvir Nirvana. Mas nessa altura, de resto, professo firmemente a minha fé, ter-se-á cumprido o sonho do primeiro e último filósofo português, Agostinho da Silva, que anunciou, franciscanamente, o tempo da liberdade da arte.
E ser artista será, de novo, desregração.
E a Arte: acontecerá!

6.9.2006-13.9.2006

Speakers' Corner §4: M.L.K. - Manifesto Liberdade e Kultura [Parte II]

Houve, de facto, um tempo, em que cri que a Arte era um privilégio de elites abençoadas, estranhamente iluminadas - e que, jamais o «povo» haveria de ascender a percebê-la. Que engano!, que convencimento! Apolo, quando nasce, é para todos. Talvez nisso - como em tudo - tenham visto os Gregos mais longe, ao aproximarem, na mesma pessoa, o deus do Sol e o deus da Arte. Mas, hoje, Apolo, do seu carro, olha - e não encontra a lira. Se a Arte é de todos, onde estão «os todos» para a reclamarem? Em vez disso, «os todos», como prisioneiros da caverna da alegoria, festejam com as sombras - mas, lá fora!, o Sol! O Público contenta-se com falsificações, quando os quadros de Munch foram roubados - mas O Grito e a Madonna foram recuperados!

As massas galvanizam-se com fantasmas, quando, ao lado, na tumba, os falecidos só esperam o seu olhar para ressuscitar ao terceiro dia! Olho em volta - e entristeço-me profundamente, dando vontade de reconstruir o mundo como os «sábios» da Academia de Gulliver. Entra-se numa livraria, mas onde foge a almada exclamação de Almada!:"Deve haver certamente outra maneira de se salvar uma pessoa, senão estarei perdido." Hoje, a perdição é, amigo Almada!, a tua outrora salvação! Hoje, quando a sibila me quer mostrar, Eneias, o Inferno, leva-me a uma livraria. Tanta coisa sem jeito que pulula ali e que esforço, Deus que esforço!, para encontrar algo bom que não seja, vinho do porto, velho. E quando encontro, Deus encontro!, encontro, como quem encontra um amigo, por acaso, quando sai do café mas já soubesse antes que no café estava o presidente. Oh Almada!, nem imaginas a publicidade desalmada que fazem a tanta porcaria ambulante para que a comprem! Mas são os nomes delas que discutem na rua, como quando saíram As Minas de Salomão do Eça. (não sei se percebeste a ironia do contraste). Todos sabem os nomes delas, como todos sabem o nome do presidente, mas, ai!, quem conhece o meu amigo senão eu? Houve um tempo, Almada, em que as pessoas tinham alma e tinham amigos...

Entro no carro. "Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,/Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,/Sozinho guio, guio quase devagar", ó Álvaro!, e, para saborear toda a modernidade de um só trago, ligo a telefonia. Mas Álvaro, preferia os intonarumori, os «instrumentos» de fazer barulho do teu futurismo! Isto é invariavelmente igual: baçamente distingo. Na rádio, imagina Álvaro!, passam plagiadores de músicas japonesas! E sabes o mais cómico nisto tudo? As pessoas gostam, as pessoas gostam [risos]! Já ninguém tem paciência para triunfalmente escutar os ruídos das fábricas: mas, compensatoriamente, taylorizaram a música. Agora, é como uma receita de uma papa de velha no Pantagruel. Tal como a Fanta, as canções hoje só têm 8% de música, e esta à base de concentrado! O mais compõe-se de vitais elementos: 1º a luxúria de uma mulher ("uma mulher bela que não se ama,/Que se encontra casualmente e se acha interessantíssima.") (ou, no caso masculino, uma metrossexualidade); 2º coreografias (a Madonna concebeu o cristo - e quando nasceu, veio crucificado); 3º computadores (sonhasses, Álvaro!, que um dia viria que a música seria sem instrumentos e sem músicos!). Depois - seguindo a receita, há o forno para o pão. Porque o pão é uma massa de farinha ensopada. É, revelação!, o forno que faz o pão, o fenómeno, o sucesso. O forno chama-se MTV e rádios. No teu tempo, Álvaro, eles lá na telefonia, quando era chegado o horário, tinham um locutor que criava ali, disco-jóquei, algo maior que ele sendo dele. Escolhia as músicas para mostrar e havia quem preferisse, pelos gostos musicais obviamente embutidos nos programas, mais um que outro. Hoje, Álvaro, os locutores chegam à hipocrisia de nem gostarem das músicas que estão a rodar. Vontadas de dinheiro, as editoras asseguram, como quem paga uma publicidade, um número fixo de audições diárias. Num tempo de cabalas, eu creio numa: aquele programa de fim de tarde, que eles chamam discos pedidos, deve também estar todo comprado e quem liga para lá são os empregados das grandes marcas discográficas, intermediárias impingidas dos cantores (nota, Álvaro, hoje já não falamos de músicos, mas de cantores!). Houve um tempo em que os músicos acreditaram no DIY. Sabes?, perdeu-se toda a liberdade. O mundo mudou tanto desde o ano da morte de Ricardo Reis!

Chego a casa. Tiro o casaco, abro o maço que poiso depois de acender um cigarro na cómoda do hall de entrada. Ligo a TV e estendo o braço e compro um comando. Nada. Um vazio. Até a casa está mais cheia, porque me tem a mim. «Produções nacionais» - nome tão alto para o tão baixo! - sucedem-se dinasticamente segundo o molde egípcio de casamentos entre irmãos. O resultado: faraós geneticamente deficientes! Há um ar mongolodita em tudo isto. Desligo a televisão e o cigarro. Monto ao cinema. Olho os cartazes. Raios de não viver em Lisboa! Aqui, o último cinema independente - chamava-se Avenida, o indigente! - fechou no mês passado. Há um semestre abriram, do outro lado do rio, mais seis salas. Deixá-las! Tiro do bolso da gabardina o bocado amuchucado de jornal do dia da página dos cinemas: três filmes de miúdos sem imaginação e quatro blockbusters de verão. E estar a acontecer o Festival de Veneza ao mesmo tempo! E a censura?, a censura! Tenho em casa um dossiê com os obituários pela MPAA. "Weitz stated that New Line Cinema feared that "perceived antireligiosity" would make the film financially unviable in the US." Deus, isto faz algum sentido? Houve um tempo - creio que houve - em que ser artista era um bando de enfants terribles. Hoje, quando vão aos Óscares, vestem-se de gravata.

Isto são as sombras. Mas há, o afirmámos, Apolo. Imputar, na alegoria da caverna, a culpa inteira e pura à fogueira, só porque ela faz as sombras, é negar que há cadeados a prender as mãos dos seus habitantes. Não há, hoje, senão nos que ainda não cresceram (e mesmo esses crescem já hoje tão depressa!), a liberdade suficiente para admitir e aceitar a Arte verdadeira. "You have to understand, most of these people are not ready to be unplugged. And many of them are so inert, so hopelessly dependant on the system, that they will fight to protect it.", ensina-nos Morpheus. Pouco há, de facto, a fazer com essas pessoas que matarão o filósofo quando ele, visto o Sol, regressar à caverna platónica. Precisamos de uma nova geração - e nisto temos a vantagem de sermos jovens.

Speakers' Corner §4: M.L.K. - Manifesto Liberdade e Kultura [Parte I]

A.S.: a escrita deste texto foi feita em várias partes, umas longas, outras breves, em dias juntos ou separados, em horas diferentes, na diferença toda que pode comportar o espírito. O texto resulta pois como uma enorme manta de retalhos de estilos - se isso lhe traz riqueza ou o ilide, o juiz - leitor! - decide.


Folheava hoje as páginas virtuais, leitura matutina do jornal novo em que se converteu, sem baptismo, a máquina em que escrevo. Nas informações que pesquisava da adaptação cinematográfica do primeiro volume da trilogia His Dark Materials, encontrei na Wikipedia:

"In an interview published on the internet in December 2004, Weitz indicated that the film would make no direct mention of religion or of God; two of the key themes of the trilogy - a decision attacked by fans of the novels. Weitz stated that New Line Cinema feared that "perceived antireligiosity" would make the film financially unviable in the US."

Este é o Tempo em que Arte diminui.

No séc.XX nasceu matarem-se as regras. A libertação libertou-se do que libertar-se. Dadá destruiu toda a seriedade da Arte, e os os russos acabaram com as palavras na literatura (Khlebnikov) e os objectos na pintura (Kandinsky). O Romantismo, enquanto movimento espartaquista, concluiu-se enfim, porque se concretizou finalmente. Na América, houve Greenwich Village. Ah!, esses, esses foram tempos em que o tempo não contava na atemporalidade de que as obras imortais eram cheias! Homens forjaram o quebrar das correntes e ser artista era sinónimo de ser livre! Livre da sociedade, livre da própria arte. Todos eram futuristas, ordenando os incêndios de tudo o que pertencia ao passado, e a inauguração de um tempo novo com a regra nova de não existirem regras. A Arte: acontecia.

"Todo o mundo é composto de mudança".

Hoje, o mundo engravidou de mais um século. Mas, ai Darwin!, estavas errado! Mais tempo não significou mais evolução. Os sinais são demais evidentes: a Arte foi taylorizada. Garrett escreveu nas suas Viagens a receita para uma novela romântica - hoje, tudo tem as suas regras, como se todos tivéssemos saídos de uma gigantesca academia de Belas Artes, chamada cultura pop. A rádio comprime as músicas a quatro minutos, talvez por o quadrado ser para os gregos a forma perfeita. As editoras literárias, canas de bambu, bamboleiam à boleia das tendências (vide Cruzadas Literárias, onde se distingue o bom do mau fruto). O cinema prostitui-se por um PG13. Estamos a ceder a Arte às massas - e a Arte nunca foi uma questão de massas. Não que os dois temas sejam antagónicos - e virá, assim creio, o dia em que, pelo contrário, serão sinónimos - mas tal sucederá não porque a Arte se baixou, mas porque o Público se elevou. Porém, repito, a Arte nunca foi uma questão de massas - porque é um produto, essencialmente, individual.

Enquanto exposição de uma filosofia, de uma mundividência, de uma mensagem, qualque obra de arte torna-se imensamente pessoal, e, quando é verdadeiramente genial, consegue atingir a universalidade. Anna Karenina é uma obra de Tolstoi, com as ideias de Tolstoi - mas capta o fundo do ser humano e, aí, ganha o coração de cada leitor e a essência difícil da psique humana. É desta extrema duplicidade paradoxal - de ser simultaneamente a expressão e a expansão de um «eu» e a possibilidade de identificação anónima com o Homem - que Nietzsche fala num passo da sua Origem da Tragédia: "...pois este «eu» não é já o do homem vigilante, o do homem empírico e real, mas sim o «sujeito» verdadeiro e eterno que existe no fundo de todas as coisas e que o génio lírico sabe reproduzir, penetrando assim até ao íntimo cerne da realidade."

A verdadeira Arte significa, pois, algo para as pessoas. Fala-se, por exemplo, em confirmação do «paradoxo» de cima, de cinema de autor de massas, das mãos de Hitchcock, Tarantino, Kubrick ou Spielberg. A Arte é Humanidade e condição essencial, como a Filosofia ou a Ciência, da nossa realização humana. Por isso, a Arte tem Público. Eu não acredito na estupidez das pessoas: eu acredito na sua estupidificação. Se a Arte tem de se livre, não menos livre tem de ser quem se dispõe a acolher essa Arte. E, Deus!, é isso que nos falta! Espíritos livres e espíritos presos que se queiram libertar! Entre o artista e o consumidor surgiu esta figura, exôtica, estranha, condicionante: o editor/o produtor. Nunca houve tanta oferta e nunca a cultura foi tão monólita. Este é o tempo dos media - «media» porque intermediários. E, porque intermediários, eles filtram a produção artística, condicionando o sucesso ou insucesso dos projectos criativos. Vivemos o tempo da Arte fabricada: o sucesso artístico é um fenómeno independente do artista. O sucesso da generalidade dos cantores de hoje em nada se deve aos seus talentos, mas à MTV; o triunfo de filmes de acção repetidos e comédias românticas adolescentes, ao marketing; as vendas de inúmeros autores, a irem às cavalitas de um género que obtém um breakthrough. Goethe escreveu na opus Fausto:"Que a sorte sem mérito pouco vale/Um tolo nunca o entenderia;/Tivesse ele a pedra filosofal/E inda o filósofo à pedra faltaria."

segunda-feira, setembro 11, 2006

Moleskines §6: Consequência/Colagem

AVISO&
"I would prefer not to."
by Bartleby, The Scrivener


PARTE I

TYLER

You have a kind of sick desperation in your laugh.

Tyler reaches under the seat in front of him and lifts a BRIEFCASE. Unnamed points to his own briefcase.

UNNAMED
We have the exact same briefcase.

Tyler opens his briefcase. He pops the latches and raises the lid to reveal quaintly-wrapped bars of SOAP.

TYLER
Soap.

UNNAMED
Sorry?

TYLER
I make and I sale soap. The yardstick of civilization.

Tyler reaches the briefcase and takes out his card. He hands it to Unnamed. "THE PAPER STREET SOAP COMPANY".

UNNAMED (V.O.)
And this is how I met--

UNNAMED
Tyler Durden.

TYLER
Did you know if you mixed equal parts of gasoline and frozen orange juice concentrate,
you could make napalm?

UNNAMED
No, I didn't know that, is that true?

TYLER
That's right. One can make all kinds of explosives using simple household items.

UNNAMED
Really?

TYLER
If one were so inclined.

Tyler SNAPS the briefcase shut. Unnamed stares.

UNNAMED
Tyler, you are by far, the most interesting single-serving friend I've ever met.

Tyler stares Unnamed. Unnamed, enjoying his own chance to be witty, leans closer to Tyler.

UNNAMED
See, obviously everything on a plane is single-serving, even--

TYLER
Oh, I get it. It's very clever.

UNNAMED
Thank you.

TYLER
How's that working out for you?

UNNAMED
What?

TYLER
Being clever.

UNNAMED
(thrown)
Great.

TYLER
Keep it up then. Right up.


PARTE II

http://vileheadquarters.com/downloads/games/
1. Where in the World is Carmen Sandiego?

Mother, do you think they'll drop the bomb?
Mother, do you think they'll like this song?
Mother, do you think they'll try to break my balls?
Mother, should I build the wall?
Mother, should I run for President?
Mother, should I trust the government?
Mother, will they put me in the firing line?
Is it just a waste of time?

Hush now baby, baby, don't you cry
Momma's gonna make all of your nightmares come true
Momma's gonna put all of her fears into you
Momma's gonna keep you right here under her wing
She won't let you fly, but she might let you sing
Momma's will keep Baby cozy and warm
Oooo Babe
Oooo Babe
Ooo Babe, of course Momma's gonna help build the wall

Mother, do you think she's good enough
For me?
Mother, do you think she's dangerous
To me?
Mother will she tear your little boy apart?
Mother, will she break my heart?

Hush now baby, baby, don't you cry
Momma's gonna check out all your girlfriends for you
Momma won't let anyone dirty get through
Momma's gonna wait up until you get in
Momma will always find out where you've been
Momma's gonna keep Baby healthy and clean
Oooo Babe
Oooo Babe
Ooo Babe, you'll always be Baby to me

Mother, did it need to be so high?

Ars Scientia


PARTE I [reprise]



PARTE III

AMOR: CUBO DE KUBRICK

O meu coração pesa gravítico bloco megalítico
Monolítico 2001 odisseia «Hal, open the door.»

Quoth the Hal: «Nevermore!»!
5.6.2006



Aldeous Huxley
[como segundo aviso e exemplo]

[instruções: clique sobre a imagem para ouVER]


PARTE IV

[...]
I just don't know what to do with myself
I don't know what to do with myself
planning everything for two
doing everything with you
and now that we're through
I just don't know what to do

I just don't know what to do with myself
I don't know what to do with myself
movies only make me sad
parties make me feel as bad
cause I'm not with you
I just don't know what to do
[...]


Duas Mulheres Bonitas Para Consolo Dos Tristes De Amor:












































O Filme Para O Meu Coração Cem-Sentimentos
:

[instruções 2: clique sobre a imagem para aumentar]


PARTE V

The Trial
[instruções 3: clique sobre o link para ouvir o julgamento]



PRÓLOGO:
"Aplaudite, amici, comoedia finita est!"
Last Words by Ludwig Van Beethoven


quarta-feira, setembro 06, 2006

Moleskines §5: E.L.E.N.D. [ouvindo]

E
A criança calara-se, súbita. Assim: no meio de uma conversação, normal, corrente, agitada e habitada. A família anciana ocupava olimpiamente a mesa. Discutia-se a manchete. O pai discursava, politicamente, expondo as pespectivas da razão. A mãe, adocicadamente, elevava o garfo castanho à boca e mastigava como chiquelete. «Muda de assunto: a criança está calada.» Tapava-a o desinteresse óbvio da matéria e a mãe, mediocramente perspicaz, aprendera-o. «Conta: como foi a escola?». A criança ergueu-se do seu lugar, ascendendo aérea, antigravitacional, numa iluminura budista. Contornou, misteriosamente, a távola, à altura do tampo até olhar a matrona. Tocou-lhe, contacto, com a ponta do dedo, extraterrasterialmente. A mãe pegou-a, precisamente, e levantou-a ao seu colo carnudo, aconchegando-a. A criança pousada, pousadamente, rodou o olhar para a mulher. «Dá-me um beijinho.» Mímica à acopolagem de uma nave, a mãe beijou-lhe, madonna, a fronte élfica. E a criança calou-se - para nunca mais falar. «Querias um beijinho da mamã?», perguntou, ternurante ternurenta. A criança, grave, deslizou, aeronâutica, numa linha de produção inexistente, afastando-se à velocidade de um produto. A mãe contemplou-a com estranheza e incompreensão temida. A criança surreal desceu da banda de montagem e montou, no mesmo passo, à cadeira original. Não comeu mais. «Filho, o que é que tens?», interrogou, paranormalmente, a senhora. O Horror. A criança ergueu o rosto, descomposto de aflitiva anagnórise, visão de são paulo, reconhecimento. A mãe levantou-se intempestiva e correu a recuperar o filho. Um espírito morto habitava a criança. «Rápido! temos de o levar ao hospital!» O pai arrancou o guardanapo, varreu o bigode, abriu a gaveta e procurou a chave. «Acende a luz!». A mãe comprimiu a criança vivamente contra si, embalando-a acidentada. Acendeu o interruptor. Um barulho esquizofrénico de chaves e moedas misturdas a chocalhar monte abaixo. A mulher trocava para sapatos altos, segurando, por cima do ombro, nascituramente, o filho. A criança, pacífica, assistia a tudo, como um menino jesus no templo. eureka em português. o pai correu para a porta, saíram para o elevador, entraram no carro (a mãe na parte de trás com a criança) e arrancaram. A criança guardava o aspecto circunspecto, embriagado de neutralidade impassiva, muito triste. A mãe, sistemicamente, coçava-lhe de festas a cabeça e reclinava-se para o beijar, colibri. Podiam ter sido felizes.

L
O médico voltou-se incompreendendo para os pais «O vosso filho não tem qualquer doença. Analisei-o e ele não manifesta quaisquer sintomas» pousou «mas concordo manifestamente que algo não está bem com aquela criança» olhou de soslaio para o paciente, sentado, doente, no bordo da cama cirúrgica «é como se, de um momento para o outro, pudesse começar a derreter e víssemos a pele dele descer, larga, cera, pelo corpo todo, nu» A mãe, violentamente, olhou o médico, violada. O pai, mais temperado, perguntou «O que nos aconselha a fazer?» «Procurem um psicólogo.» A criança continuava, branca, alheada, autista - e a mãe mordia os lábios para dentro.

E
Pôs-lhe, controlado, uma folha de papel à frente e uma caneta ao lado. Amarrou as mãos, avançou-se na espinha dorsal, pisamente, como uma placa metálica metícula guindastamente encostada. «Se quiseres, em vez de falar, escrever - está à vontade». A criança não pegou no utensílio. A criança não se mexia de todo. Olhava para o homem, testa tremilitantemente franzida, como quem sofresse demasiado solicitando eutanásia. O psicólogo concentrava-se, mascaradamente, no chão. Imóvel, pediu «Escreve na folha o que te atormenta, senão, nem eu, nem os teus pais te poderemos ajudar». A criança baixou os ombros, desconsolada, e abriu as mãos, lady macbeth mostrando o sangue. Na face, contorcida, a incredulidade, a desfiguração. «Raios, miúdo, diz alguma coisa!» ergueu-se, proteu acordado, anjo do diabo, o -analista. A criança, cristo chagado, recolheu os estigmas e pousou as palmas sobre o peito, deixando cair, desfeito, o coração à perna. Começou a chorar adultamente. A besta amansou-se e o psicólogo mirou-o, celebratório. A reacção chamara ao quarto os pais exteriorizados. E a mãe, conquistadora, gávea, exclamou, exultante (e o menino saltou-lhe de alegria no seio - lc 1,41): «Ele chora!», numa ascenção dos nomes até ao berro. E uma gargalhada, um riso puro, éclatante, iluminou o quarto. «Ele chora!» confirmou, alegre, transformada grega. E Apolo cresceu frondosamente naquela ilha de Leda. O pai encarou a mãe e jubilou, abraçando-a, com uma mão espetada carnívora numa nádega erótica e a outra serpenteando a costa até ao ombro de Pélops, agarrando-o como quem deseja desfazer. Altivos, beijaram-se encaixadamente, atemporais. O psicólogo, celebrante, exclamava ahah! no mesmo tom sucessivas vezes. Os três reuniram-se em torno da cadeira condenatória do protestante e, marias sanguinolentas, dançaram três vezes no sentido contrário ao dos ponteiros em volta do herege, festejando, entoando os cânticos com que cristo foi recebido na entrada de jerusalém. E era grande a alegria no mundo - porque a criança tinha chorado. A mãe reconfortava-se com a certeza da vivência do filho, da capacidade de expressar emoções, da humanidade do que antes era um boneco animado de Hoffman. O filho rompera a máscara imutável e rígida e ferreira - era o fim do carnaval de veneza. O pai revibrava os ecos de entusiasmo da mãe numa discussão com o psicólogo para marcação de posteriores consultas. Efusivamente, a mãe erguia a criança nos braços e no ar e apresentava «Meu filho!» «Meu filho!» «Meu filho!» ia repetindo na marcha circunstancial que abandonava o consultório, seguida dos dois. «Meu filho!», mostrava, e os outros pacientes prostravam-se, genuflectiam, e voltavam o rosto para o chão na passagem da rainha e do filho. O pai, por detrás, lançava, esfuziantemente, notas como grãos de arroz casados. Tombavam como pétalas oficiais no caminho da marcha. O psicólogo, oficial, formal, com botas, fechava o Triunfo. E as buzinas dos carros, audíveis do exterior, salutavam, trombetas, a procissão, anunciando o regresso do filho pródigo. E, no topo, recém-nascido, a criança chorava calada, mansamente - porque sozinha.

N
A criança percebera tudo. A criança sempre fora muito inteligente. Lia avidamente desde a mais tenra terna infância e as grandes obras do mundo contava-as amigas. A criança entendera, pois, toda a circunstância, como se endormecesse debaixo de uma figueira. Aos pais perturbava, inquietando, sua tristeza mais que seu silêncio. Hume, não compreendiam a união científica das coisas pelas causas no universo. E a criança tomou uma decisão: ia ser hipócrita. Saiu do seu quarto e apresentou-se na sala. Os pais, no sofá, observavam televisão. A mãe, primeira, viu-o. A criança vestia um sorriso fechado, mas largo, como os lábios constituíssem uma cicatriz. As bochechas curvavam-se em covinhas waltdisneianas e, como um produto japonês, os olhos luziam, inchados. A mãe ajoelhou-se e agarrou-o. A criança sorria como um boneco de palhaço. O pai, serenamente, levantou-se e, de pé, passou a mão, cigarreiramente, pelos cabelos do filho, rebolando-os. Ele olhou para cima e piscou os olhos, rápido. Acomodou o sorriso a proporções menores, pelo cansaço gerando pelo esforço muscular. «Senta-te aqui a ver este filme connosco.», convidou, sentando-o, a mãe. Ele fechou os olhos e sorriu mais expansivamente, no movimento #42 da sua lista de hipocrisias planeadas. A mãe puxou-o para si e ele respondeu agarrando-a também (#34). Finalmente, os pais estavam, genuinamente, felizes. Haviam aceite a mudez dele como um um acidente, como partisse um braço ou diagnosticassem dislexia: mais estranha, mais bizarra - mas facilmente co-vivenciável. A criança, cansada do fingimento, fingiu adormecer. A esposa sorriu ao marido, consolada.

D
Ai!, a criança dionisíaca vira mais longe do que eles todos! Ostracizada à hipocrisia pela sociabilidade, rindo eternamente, era palhaço: mas chamava-se Pierrot.! A criança templária, culta, vasta, sábia,! percebera tão simplesmente que não havia mais nada para dizer. Tudo o que possivelmente podia ainda restar a um novo homem para dizer quando crescesse, tudo,! fora extirpado pelo tempo anterior. E a criança, tão jovem!, tão inocente!, (coitada!) tivera de lidar com esta súbita verdade, demasiado imensa, imensamente enorme! para poder haver quem a pudesse. Não havia mais nada para dizer - não havia mais nada para ler. A análise humana, a exagese da alma, o entendimento do mundo: concluíram-se nos séculos passados. Fukuyama, a criança proclamou, resoluta, o fim da literatura. Não havia nada mais a escrever. Tudo o que interessava, verdadeiramente, ao homem: estava declarado. Alcançara-se o positivismo. Tudo perdia o sentido doravante, porque tudo não acrescentava nada. E a criança calou-se. Faltara-lhe a força para não pedir (pobre!, era só uma criança!) um último beijo à mãe! Era o saber isto tudo, como de resto é o saber qualquer coisa que seja, que perturbava a criança, kurtz, visionadora do horror. O horror da alma humana, totalmente, conclusivamente, desvelada. O horror da morte da palavra. O Horror!


"The rest is silence."
Hamlet, Shakespeare

segunda-feira, setembro 04, 2006

Quoth The Raven §2: Explicação

Possível é, no entanto, que a poesia desapareça antes da espécie humana, e também não é de excluir que ao fim e ao cabo não tenha passado de uma actividade menor e esporádica, a avaliar pela falta de resposta vital com que tem sido acolhida pela imensa maioria do público. Neste aspecto, a época crepuscular que atravessamos é das mais decepccionantes, não encontrando outras máscaras para disfarçar a sua atonia profunda senão as da leviandade e da presunção. Vai londe o tempo, realmente, em que Baudelaire sonhava ser capaz de persuadir os burgueses de que a poesia lhes era tão necessária como pão.

Cristais e Corais, apresentação de Ernesto SAMPAIO
na tradução homónima da antologia

Poemas, de André Breton, Assírio&Alvim