Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Dr. House on Callimachus



Os Telquínios resmungam frequentemente comigo, esses incultos
na arte da poesia, que nunca foram amigos das Musas,
porque não foi um poema contínuo que escrevi acerca de reis,
em muitos milhares de versos,
nem acerca dos heróis de antanho; em vez disso, desenrolo a poesia
aos bocadinhos, como uma criança, apesar de os meus anos não serem poucos.
Pela minha parte, o que digo aos Telquínios é isto: "Raça espinhosa,
apenas capaz de derreter os seu próprio fígado,
eu sou, na verdade, um poeta de poucos versos.

Calímaco, Prólogo das Origens.
Trad.: Frederico Lourenço, Grécia Revisitada. Cotovia, 2004.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Diálogo: 'ΙΩΝΙΚΟΝ', de Cavafy

Even though we have broken their statues,
Even though we drove them out of their temples,
In no wise did the gods die for all that.
O land of Ionia, it is you they love still,
It is you their souls still remember.
When upon you dawns an August morn,
Some vigour of their life pervades your atmosphere,
And once in a while, an ethereal, youthful form,
Indistinct, in rapid stride,
Passes above your hills.

imagem: fotogramas de Megalexandros (1980), de Theo Angelopoulos.
(poema e filme oferecidos pelo senhor da Alvenaria)

quinta-feira, dezembro 10, 2009

A Morte da Vestal


Migueli «jesuitae» dedidatus


A vestal lava a chama como um filho uma criança
Útero de Roma
deus aristotélico ao contrário:
O movimento que garante às coisas que fiquem.

Roma arde
--ontem
Sem nero sem cristãos
Lar-eira mundi

O átomo no templo.
Os toros como touros sem sangue para matar
A rapariga sobe os degraus como cresce
E o fogo excita-se como uma mulher quando o tocam.

O Homem entra a força
Com a decisão no passo de uma órbita
------------------no posso de um é-dito
E a verde-ade que porque jovem cheia

A vestal atirada ao chão como uma puta para que se sobe
O coração de Roma sob uma bota como um cigarro
O fogo esmagoado
— cinzas só.

A pro-cura última de montar a chama como o tempo
E a rapariga trinchada.
O Homem deixa a casa como uma mulher gasta.
Roma jhove.

9-10.xii.2009

ilustração: de Frederick Leighton.
foto: o templo de Vesta, no Fórum, hoje.

sábado, março 21, 2009

Quoth the Raven §7: O Ciúme, D' Après Barthes


«
2. Werther está preso a esta imagem: Carlota corta as fatias e distribui-as pelos irmãos e irmãs. Carlota é um bolo e esse bolo divide-se: cada um tem a sua fatia: não sou o único - em nada sou o único, tenho irmãos, irmãs, devo dividir, devo submeter-me a essa partilha: as deusas do Destino não são também as deusas da Divisão, as moiras - sendo a última, a Muda, a Morte? Além disso, se não aceito a divisão do ser amado, nego a sua perfeição, pois pertence à perfeição o dividir-se: Mélita divide-se porque é perfeita e Hipérion sofre com isso: «A minha tristeza era verdadeiramente sem limites. Foi preciso afastar-me». Assim, sofro duas vezes: pela própria partilha e pela minha impossibilidade de aceitar a sua nobreza.

[...]

4. Ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me censuro de o ser, porque temo que o meu ciúme fira o outro, porque me deixo submeter a uma banalidade: sofro por ser exclusivista, agressivo, louco e vulgar.
»

Roland Barthes, Fragmentos de um Discurso Amoroso
(Tradução de Isabel Pascoal - Edições 70)


quarta-feira, agosto 27, 2008

Quoth the Raven §6: I Sound My Barbaric YAWP Over the Roofs of the World



"make this not just another poem that I write,
not! just! another! poem!

above all above all above all above all
like just another night that sits heavy ^ of us,
w a l k i-n-t-o> it, breathe it in
let it crash through the halls of your arms
like the millions of years of 1.000.000s of poets,
coursing like blood, pumping and pushing,
making you LIVE,shaking the dust shak i n g the dust."
Anis Mojgani, Shake The Dust

segunda-feira, novembro 27, 2006

Quoth The Raven §3: À Memória de Mário Cesariny


Hoje, dia de todos os demónios
irei ao cemitério onde repousa Sá-Carneiro
a gente às vezes esquece a dor dos outros
o trabalho dos outros o coval
dos outros

Ora este foi dos tais a quem não deram passaporte
de forma que embarcou clandestino
não tinha política tinha física
mas nem assim o passaram
e quando a coisa estava a ir a mais
tzzt… uma porção de estricnina
deu-lhe a moleza foi dormir

Preferiu umas dores no lado esquerdo da alma
uns disparates com as pernas na hora apaziguadora
herói à sua maneira recusou-se
a beber o pátrio mijo
deu a mão ao Antero, foi-se, e pronto,
desembarcou como tinha embarcado

Sem Jeito Para o Negócio

Mário Cesariny in “Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano

segunda-feira, setembro 11, 2006

Moleskines §6: Consequência/Colagem

AVISO&
"I would prefer not to."
by Bartleby, The Scrivener


PARTE I

TYLER

You have a kind of sick desperation in your laugh.

Tyler reaches under the seat in front of him and lifts a BRIEFCASE. Unnamed points to his own briefcase.

UNNAMED
We have the exact same briefcase.

Tyler opens his briefcase. He pops the latches and raises the lid to reveal quaintly-wrapped bars of SOAP.

TYLER
Soap.

UNNAMED
Sorry?

TYLER
I make and I sale soap. The yardstick of civilization.

Tyler reaches the briefcase and takes out his card. He hands it to Unnamed. "THE PAPER STREET SOAP COMPANY".

UNNAMED (V.O.)
And this is how I met--

UNNAMED
Tyler Durden.

TYLER
Did you know if you mixed equal parts of gasoline and frozen orange juice concentrate,
you could make napalm?

UNNAMED
No, I didn't know that, is that true?

TYLER
That's right. One can make all kinds of explosives using simple household items.

UNNAMED
Really?

TYLER
If one were so inclined.

Tyler SNAPS the briefcase shut. Unnamed stares.

UNNAMED
Tyler, you are by far, the most interesting single-serving friend I've ever met.

Tyler stares Unnamed. Unnamed, enjoying his own chance to be witty, leans closer to Tyler.

UNNAMED
See, obviously everything on a plane is single-serving, even--

TYLER
Oh, I get it. It's very clever.

UNNAMED
Thank you.

TYLER
How's that working out for you?

UNNAMED
What?

TYLER
Being clever.

UNNAMED
(thrown)
Great.

TYLER
Keep it up then. Right up.


PARTE II

http://vileheadquarters.com/downloads/games/
1. Where in the World is Carmen Sandiego?

Mother, do you think they'll drop the bomb?
Mother, do you think they'll like this song?
Mother, do you think they'll try to break my balls?
Mother, should I build the wall?
Mother, should I run for President?
Mother, should I trust the government?
Mother, will they put me in the firing line?
Is it just a waste of time?

Hush now baby, baby, don't you cry
Momma's gonna make all of your nightmares come true
Momma's gonna put all of her fears into you
Momma's gonna keep you right here under her wing
She won't let you fly, but she might let you sing
Momma's will keep Baby cozy and warm
Oooo Babe
Oooo Babe
Ooo Babe, of course Momma's gonna help build the wall

Mother, do you think she's good enough
For me?
Mother, do you think she's dangerous
To me?
Mother will she tear your little boy apart?
Mother, will she break my heart?

Hush now baby, baby, don't you cry
Momma's gonna check out all your girlfriends for you
Momma won't let anyone dirty get through
Momma's gonna wait up until you get in
Momma will always find out where you've been
Momma's gonna keep Baby healthy and clean
Oooo Babe
Oooo Babe
Ooo Babe, you'll always be Baby to me

Mother, did it need to be so high?

Ars Scientia


PARTE I [reprise]



PARTE III

AMOR: CUBO DE KUBRICK

O meu coração pesa gravítico bloco megalítico
Monolítico 2001 odisseia «Hal, open the door.»

Quoth the Hal: «Nevermore!»!
5.6.2006



Aldeous Huxley
[como segundo aviso e exemplo]

[instruções: clique sobre a imagem para ouVER]


PARTE IV

[...]
I just don't know what to do with myself
I don't know what to do with myself
planning everything for two
doing everything with you
and now that we're through
I just don't know what to do

I just don't know what to do with myself
I don't know what to do with myself
movies only make me sad
parties make me feel as bad
cause I'm not with you
I just don't know what to do
[...]


Duas Mulheres Bonitas Para Consolo Dos Tristes De Amor:












































O Filme Para O Meu Coração Cem-Sentimentos
:

[instruções 2: clique sobre a imagem para aumentar]


PARTE V

The Trial
[instruções 3: clique sobre o link para ouvir o julgamento]



PRÓLOGO:
"Aplaudite, amici, comoedia finita est!"
Last Words by Ludwig Van Beethoven


segunda-feira, setembro 04, 2006

Quoth The Raven §2: Explicação

Possível é, no entanto, que a poesia desapareça antes da espécie humana, e também não é de excluir que ao fim e ao cabo não tenha passado de uma actividade menor e esporádica, a avaliar pela falta de resposta vital com que tem sido acolhida pela imensa maioria do público. Neste aspecto, a época crepuscular que atravessamos é das mais decepccionantes, não encontrando outras máscaras para disfarçar a sua atonia profunda senão as da leviandade e da presunção. Vai londe o tempo, realmente, em que Baudelaire sonhava ser capaz de persuadir os burgueses de que a poesia lhes era tão necessária como pão.

Cristais e Corais, apresentação de Ernesto SAMPAIO
na tradução homónima da antologia

Poemas, de André Breton, Assírio&Alvim

quarta-feira, junho 28, 2006

Quoth The Raven §2: Ode To L.A. While Thinking Of Brian Jones, Deceased; de Jim Morrison

I'm a resident of a city
They've just picked me to play
the Prince of Denmark


Poor Ophelia

All those ghosts he never saw

Floating to doom
On an iron candle


Come back, brave warrior
Do the dive
On another channel

Hot buttered pool
Where's Marrakesh
Under the falls

the wild storm
where savages fell out

in late afternoon
monsters of rhythm


You've left your
Nothing
to compete w/

Silence

I hope you went out
Smiling
Like a child
Into the cool remnant
of a dream

The angel man

w/ Serpents competing
for his palms
& fingers
Finally claimed
This benevolent

Soul

Ophelia

Leaves, sodden
in silk


Chlorine
dream
mad stifled
Witness

The diving board, the plunge
The pool


You were a fighter
a damask musky muse


You were the bleached
Sun
for TV afternoon

horned-toads
maverick of a yellow spot


Look now to where it's got

You

in meat heaven
w/ the cannibals
& jews

The gardener

Found
The body, rampant, Floating

Lucky Stiff

What is this green pale stuff
You're made of

Poke holes in the goddess
Skin

Will he Stink

Carried heavenward
Thru the halls

of music

No Chance.

Requiem for a heavy
That smile
That porky satyr's

leer
has leaped upward

into the loam


(A minha homenagem aos 60's, depois de ver o filme Stoned:
Jim Morrison louvando Brian Jones comigo ouvindo Led Zeppelin)

quarta-feira, abril 12, 2006

Moleskines §4: O Operário em Construção

Presenteio-vos com a genial declamação de Mário Viegas do não menos forte poema de Vinicius, extraído do EP homónimo, O Operário em Construção e 3 Poemas de Brecht (1975). A T. emprestou-me, ' semana antiga, um duplo CD de poesia de Vinícius, cantada pelos ritmos afro-brasileiros da bossa-nova. Ela comprara o disco pela paixão que tem por aquelas cálidas melodias vivas, que só podiam mesmo ter sido inventadas numa praia brasileira. Posso dizer que, antes, nunca ouvira música brasileira, porque trautear Tribalistas ou ver o pai a ouvir Maria Bethania não pode, na acepção mais aceite da palavra, ser considerado válido para aquilo em questão. Foi um prazer natural aquele andamento dançável de Tom Jobim num' A Rapariga do Ipanema. Há beleza e tristeza no samba, como Vinicius ajustadamente exigia que houvesse. Na realidade, a verdadeira beleza é sempre triste; sabemos que é bela, porque é triste. O poeta, ante o que é belo, inevitavelmente, chora - não pode deixar de o fazer. É a súbita consciência da efemeridade de tudo o que se apresenta na proporção e harmonia da alma estética que carpe o homem. Perceber que toda a mulher bonita, há-de morrer - e, em última análise, que a todos nós chegará o dia em que os olhos se fecharão para as coisas belas. Se a beleza é algo de divino, então a beleza é, por maioria de razão, triste, porque Deus tem de ser obviamente Alguém profundamente infeliz. Na realidade, o poeta e o filósofo - ainda que movidos por dois instintos carnivoramente diferentes: sentimento e pensamento - estão ambos condenados a ser, na sua essência, misteriosamente próximos. Resumindo, ambos almejam alcançar a alquimia do mundo - não para a dominarem: a esses chamam-se políticos e demagogos - mas tão somente para a compreenderem. Bem vistas as coisas, o poeta quer tanto como o filósofo saber o mistério do mundo, apenas não se esforça muito para isso, porque, em descoberto o mistério, que resta para que nos espantemos e se escreva versos? O poeta quer - mas o poeta é budista. E anula o desejo. Não o elimina - somente o não concretiza. Ama, por exemplo, mas nunca, de forma efectiva, se lança à rapariga. Na realidade, ele perserva o desejo, pois não se pode desejar o que se tem. O poeta é um desejador, arde-lhe, nietzschianamente, a vontade - mas ele tem o cuidado de a preservar como um animal numa jaula de zoo. Por isso, na época de ouro da poesia como vida - o Romantismo - inevitavelmente a filosofia desse tempo tinha por arauto os profetas da Vontade: Zaratustra e Schopenhauer. O poeta é um desejador. E, depois, há os que desejam ser poetas...

sexta-feira, março 24, 2006

Quoth The Raven §1: Terceiro/O Conde D. Henrique [em estudando a "Mensagem"]

TERCEIRO / O CONDE D. HENRIOUE

Todo começo é involuntário.
Deus é o agente.
O herói a si assiste, vário
E inconsciente.

À espada em tuas mãos achada
Teu olhar desce.
«Que farei eu com esta espada?»

Ergueste-a, e fez-se.

Fernando Pessoa

segunda-feira, março 20, 2006

And Viddy Films I Would §2: "Sylvia", de Christine Jeffs (2003), e "Daddy" [num dia do pai]

Passou ontem na 2: o filme Sylvia, com Gwyneth Paltrow no papel de Sylvia Plath e Daniel Craig (o Bond-para-ser) como Edward Hughes, o marido da poetisa, ele mesmo poeta também. Quando o filme saiu, em 2003, fiquei com curiosidade em vê-lo, mas esta foi só mais uma das películas que estão uma semana num cinema de esquina em Lisboa e decapitadas são na capital - esquecidas ao resto de Portugal. Nunca ouvi falar de uma saída em DVD. Foi, por isso, com boas perspectivas que me sentei no sofá para, noite adentro, seguir a conturbada relação dos dois protagonistas.
Paltrow oferece uma interpretação poderosa, com uma maleabilidade de rosto impressionante: não raro a câmara pára nele, porque ela detém o dom de concentrar, nas rugas, nas expressões, na fronte, nos olhos, todo o sentimento de angústia de Sylvia. As frequentes cenas, sem palavra, em que, esperando pelo marido, Sylvia, num quarto escuro, numa fotografia impressionante em matizes azuis-escuras, sozinha, sofre, sugam-nos para o interior daquele espírito que teve o fado de ser infeliz. Craig também desempenha com primor o seu papel, mas é, face a Gwyneth, secundário - ainda que essencial, como motor da acção.
A impressionante vida de Sylvia, na forma como tenta conciliar família, poesia e carreira profissional, perturba. Com uma grave doença mental (esteve internada na sua adolescência, apesar de isso não ser mostrado no filme - faz recordar, quiçá, a situação da neo-zelandesa, poetisa igualmente, Janet Frame, mostrada em Um Anjo À Minha Mesa), com o trauma da morte prematura do pai (tinha ela oito anos), amando incrivelmente o marido como poucas mulheres há que o tenham feito, acabou por, César!, se ver traída pelo Brutus!: Edward! Teve, ainda assim, dois filhos, mas o adultério do esposo levou à inevitável solitária separação - que nunca mais reatará laços, como um embrulho de prenda rasgado: mas o presente, era a morte.
Como ela começa no seu poema Lady Lazarus: «I have done it again./One year in every ten», assim, depois de se ter tentado suicidar com dez anos, repetido, fracassando, a morte aos vinte, por fim, com trinta anos, num dia 11 de Fevereiro de 1963, pôs um término à sua vida, de uma das formas mais inéditas de suicídio. Os preparativos, a morte e o após são particularmente tocantes e bem conseguidos, em grande parte pela banda sonora, de qualidade magna ao longo de toda a fita - e verdadeiramente recomendável, sabendo transferir da tela para quem vê toda a tristeza de um dia de Outono/Inverno que foi a vida de Sylvia.
Um dos pormenores mais deliciosos do filme é a simbologia da árvore inicial e da final, como só após a morte, Primavera. Mais que não fosse, despertei para esta nova poetisa e as suas composições, que me estão, do pouco que, para já, pude ler, a cativar, como raposa o Princepezinho. Aos que têm a bíblia da poesia, Rosa do Mundo - 2001 Poemas Para O Futuro, vão à página 1716 e podem provar, com um dedo maroto, a nata do bolo de casamento. Abaixo, um dos que figuram no filme, um dos mais conhecidos dela e, estranhamente, com um título apropriado à circunstância - e a aparência ilude.

Daddy

You do not do, you do not do
Any more, black shoe
In which I have lived like a foot
For thirty years, poor and white,
Barely daring to breathe or Achoo.

Daddy, I have had to kill you.
You died before I had time--
Marble-heavy, a bag full of God,

Ghastly statue with one gray toe
Big as a Frisco seal


And a head in the freakish Atlantic
Where it pours bean green over blue
In the waters off beautiful Nauset.
I used to pray to recover you.
Ach, du.

In the German tongue, in the Polish town
Scraped flat by the roller

Of wars, wars, wars.
But the name of the town is common.
My Polock friend

Says there are a dozen or two.

So I never could tell where you
Put your foot, your root,
I never could talk to you.
The tongue stuck in my jaw.


It stuck in a barb wire snare.
Ich, ich, ich, ich,
I could hardly speak.
I thought every German was you.
And the language obscene

An engine, an engine

Chuffing me off like a Jew.
A Jew to Dachau, Auschwitz, Belsen.
I began to talk like a Jew.
I think I may well be a Jew.


The snows of the Tyrol, the clear beer of Vienna

Are not very pure or true.
With my gipsy ancestress and my weird luck
And my Taroc pack and my Taroc pack

I may be a bit of a Jew.

I have always been scared of you,
With your Luftwaffe, your gobbledygoo.
And your neat mustache
And your Aryan eye, bright blue.
Panzer-man, panzer-man, O You--


Not God but a swastika
So black no sky could squeak through.
Every woman adores a Fascist,

The boot in the face, the brute
Brute heart of a brute like you.

You stand at the blackboard, daddy,
In the picture I have of you,

A cleft in your chin instead of your foot
But no less a devil for that, no not

Any less the black man who

Bit my pretty red heart in two.
I was ten when they buried you.
At twenty I tried to die
And get back, back, back to you.
I thought even the bones would do.

But they pulled me out of the sack,
And they stuck me together with glue.

And then I knew what to do.
I made a model of you,
A man in black with a Meinkampf look


And a love of the rack and the screw.
And I said I do, I do.
So daddy, I'm finally through.
The black telephone's off at the root,
The voices just can't worm through.


If I've killed one man, I've killed two--
The vampire who said he was you
And drank my blood for a year,

Seven years, if you want to know.
Daddy, you can lie back now.

There's a stake in your fat black heart
And the villagers never liked you.
They are dancing and stamping on you.
They always knew it was you.
Daddy, daddy, you bastard, I'm through.


12 October 1962


«Even amidst fierce flames the golden lotus can be planted.»
(Epitáfio de Plath)

segunda-feira, janeiro 16, 2006

The Coast Of Utopia §1: O Rei de Ítaca


A civilização em que estamos é tão errada que
Nela o pensamento se desliga da mão

Ulisses rei de Ítaca carpinteirou seu barco
E gabava-se também de saber conduzir
Num campo a direito o sulco do arado.

Sophia de Mello Breyner Andresen,
O Nome das Coisas