Sem nome decente para a intervenção, fiz o que sempre faço nestas ocasiõe: vou à velha grega mitologia requisitar um nome que, de alguma forma, possa interligar com o que escrevo. Sem plano definido para este rascunho, via, quando o projectava mentalmente concluído, nele um entrelaçar de temas que, invariavelmente, me recordou a teia e o tear - e, com elas, Pénelope.
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Ontem, quiseram forçar-me a fazer a barba. Símbolo viril por excelência, não que a me por isso, mas porque me sinto nu sem ela, rente ou desenvolta esteja. Face à minha oposição ao apelo que me fizeram para a limpar (se algo a limpar há numa mera cobertura parca que nem uma semana tem e só acinzenta o rosto), disseram-me que não arranjasse confusões e que contribuísse para um bom ambiente, não irritando os outros. Estranho que a vontade a ceder seja, invariavelmente, a nossa, que nunca sejam os outros a tentarem não irritar-me (se eu me irritasse, coisa que já não pratico, de tão supérfluo que é). Invariavelmente também, as pessoas não sabem inverter o ângulo e foco dos seus argumentos: se o fizessem, talvez me deixassem a barba solta, e, em vez de pedirem a que outros cedam a vontade, cedessem eles a sua. De qualquer das formas, não fiz a dita cuja. Quem souber ler metáforas e hipónimos, que os leia.
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