de Linda Martini
in: Olhos de Mongol (2006)
in: Olhos de Mongol (2006)
Os Linda estiveram ontem e hoje em estúdio em gravações para o seu segundo LP, ainda sem data. Amor Combate dificilmente seria a minha primeira escolha para esta rubrica do blogue, mas não existem clips decentes de outras músicas da banda. Desde Ornatos que não ouvia algo tão bom: era por isto que esperávamos, algo que corrigisse a mera suficiência do rock português, órfão, complacente com os seus próprios epifenómenos, contente da sua pequenez vezes demais. Linda é uma coisa maior, um post-rock seco, ácido, todo entregue, lotófago, a tempos, de letras minimalistas, e, simultaneamente, tão precisas (Dá-me a Tua Melhor Faca, nos seus dois versos, é o epigrama final para acabar todos os namoros). As paisagens sónicas de Linda são, verdadeiramente, esconderijos para que, mais só, como refrigério, me retiro, como antes fugia para Reis e sem a exaustão do metal da adolescência. Linda tem a cor da luz, na minha cabeça, um branco solidificado pelo calor, agreste, rude, pouco polido (não passou por nenhum prisma), mas também por isso original, simples, verdadeiro (confesso que também há um pouco de verde, baço, semi-glauco). Só suporto este sol quente, não de praia (que odeio), mas de deserto: porque grandes são os desertos (há espaço para respirar) — e os Linda.
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