Li um dia existirem casas amovíveis, daquelas que se pegam e se levam, como um caracol ou um chapéu. Chapéus há muitos, casas dessas nem tanto (o Howl tinha uma). A Varanda, contudo, não me desiludiu na migração que empreendi e veio atrás de mim, segura pela mão, como um balão que a rapariga leva enrolado à volta do pulso para não fugir como o tempo e os filhos. Levei-me para Bristol e resolvi disso manter notícia. Determinei escrever qualquer coisa análoga a um diário e da Varanda passei a lê-lo aos transeuntes como um poema ou um discurso do mussolini. O que se segue não é um monocórdico listar das coisas feitas, mas antes uma narrativa semi-literária das mesmas: que interesse tem ler uma lista de supermercado? (Woody Allen, contudo, escreveu um conto magnífico a partir de listas de lavandaria). Como Thoreau, a cada dia anexei as suas despesas. Leia quem quer e quem ature.
[foto: graffiti numa parede de Christmas Steps, Bristol]
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