terça-feira, setembro 23, 2008

Bristol Memoirs §9: 23 do Idem - (Dr.) House

A realidade é mítica (essa é, no fundo, a afirmação-resumo da minha futura tese de mestrado). Quando cheguei, no domingo 14, ao YHA, deram-me o quarto 28 (quinto piso, sem elevador a partir do quarto); vinha então à procura de casa. Hoje que a achei forçaram-me a mudar de quarto: expulsaram-me do terceiro piso para me reencaminhar um tempo mais para o primeiro cenário da minha estação inglesa, o quarto 28. Há, perdoem-me, algo de literário no acaso. Os meus critérios eram mais corriqueiros: tinha dito que tinha de arranjar um quarto ainda com as minhas calças castanhas vestidas; hoje foi o último dia que tinha programado tê-las (amanhã vêm as azuis) – tudo bateu, pois, certo. Acordei cedo, para traçar a pé o caminho do meu departamento (o equivalente ao nosso instituto) até à casa que tinha na mira: vinte e cinco minutos certos (e para a Uni o caminho é a descer). Ao passar pelo Downs (imagino que o central park da grande maçã seja algo assim, mas ainda maior), a visão surpreendente de dois esquilos a namorarem e a escalarem árvores. (acho que nunca na vida, senão talvez na alemanha, em menino & moço, tinha visto um esquilo). O sol esticava-se a toda a latitude (ainda não apanhei chuva – não devia agoirar). Ao longo de todo o caminho, como gasolina independente de bolsas e iraques, vim a escutar no mp3 (na sua primeira utilização inglesa) The Strokes, que cada vez mais me convencem serem uma das melhores bandas surgidas nesta década. Apropriadíssima banda sonora, repleta de alegria marie antoinette (desculpam os que não viram o filme, mas para mim ele já não é, no meu idiolecto, um filme, mas um estado de espírito que se descreve pelo nome da obra de Sofia). Resolvi investigar os transportes para a outra casa possível: muito maus, como um senador palpatine.
Resultado: fui à tarde assinar um contrato para me mudar para novos aposentos dia um de outubro. Depois de me despedir da senhoria, liguei triunfante o mp3 para escutar a música certa: Also Sprach Zaratustra, glorioso, ao som do sol. Resolvi descansar o resto do dia e passei a noite a brincar Black & White que o George me arranjou (mesmo se o que, de momento, tem verdadeiramente debaixo de olho é o outro jogo que ele anda a jogar, Fable – sai sequela já em Outubro). Sei que tinha tanta coisa para escrever. Tive uma ideia para uma micro-narrativa (intitulada Os ladrões de mp3 selectivos). Passeei-me com ₤300 na carteira, para pagar o depósito para o quarto. Cruzei-me com a «praxe» de cá: alguns freshers (tradução: caloiros) em pijama entoando cânticos que ao George fizeram lembrar os tempos de tropa. Hoje, de resto, foi o Open Day da Uni, com milhares de estudantes por todo o lado visitando as instalações e ruas muito cortadas. Descobri que o meu departamento é uma casa pensemos que vitoriana ou georgiana. A Faculdade de Artes (o equivalente local à FLUC) não é um edifício, mas um conjunto de vivendas inglesas, como privat drive. Já tenho o meu cartão e a password para aceder ao meu site pessoal na Uni, o MyBristol: coisa fantástica, de tão bem organizada e rica que é (imagem em baixo: clicar para ampliar).
O que anda a fazer o nosso departamento de informática, o nosso pólo ii? (tenho que perguntar a A., de resto, ele mesmo muito crítico das coisas que lá se passam). Está a dar os patinhos (aqui, se fosse, era o sandman – aquele que inspirou o outro, o Grande): é mister que me deite. (pun para finalizar, que me ocorreu hoje [ler, por favor, em voz alta]: perante Proust, prostemo-nos).
*
- ₤3.90 (autocarro); - ₤1.69 (almoço); - ₤300 (depósito para o quarto); - ₤6.19 (jantar)
ontem: - ₤5 (carregamento telemóvel); - ₤3.90 (autocarro); - ₤21.95 (YHA); - ₤3.95 (almoço, O’Briens); - ₤3.30 (jantar)
/foto: Downs, Bristol © M./

1 comentário:

anónimo alcoólico disse...

Oh homenzito, quando quiseres que os comuns mortais dos teus Padrinhos percebam o que tu queres transmitir, fala mas é em prutuguês, ok?
Esperando que gostes muito da estadia e que os insulares não te estraguem nem prejudiquem a tua portugalidade, aceita o afecto dos teus Padrinhos Júlia e Tó-Zé