segunda-feira, setembro 15, 2008

Bristol Memoirs §3: 15 do Idem - Dia do Pai

A novidade é sempre veloz desde maratona. Acumulo peripécias como se coleccionam selos ou livros da assimil. Difícil é manter registo de tudo e não gosto dos contabilistas. É já noite lá fora e ainda nem oito cá dentro. Pela porta vejo um carro: os táxis são rather peculiar, com o seu design de semi-autocarros. Hoje a cidade pareceu mais movidamentada (pintou-se ao espelho melhor de manhã ao acordar). Continua, contudo, mais que uma city, uma town. A experiência de um pequeno-almoço inglês em que nos servimos self-service à continental: croissants para provocar o inimigo eterno. Descobri no meu quarto um mágico do chipre. Acorda o escocês entrevista-o; ele engasga-se numa resposta e cospe boca fora dragão um baralho de cartas em vez do fogo. Segue-se um espectáculo privado, que me retém mais tempo do que o que prometi a M. Venho a descobrir que ele estuda também na Uni (informática, George – decorar nome, escreve down escreve down), mas mantém-se dos rendimentos que ganha como mágico de rua e contratos. Tirou o curso de harry potter na califórnia, quatro anos. No final da semana parte para a grécia fazer 3000€ em dez dias. 
Depois do pequeno-almoço (o adjectivo torna-se impróprio nestas bandas), M. e eu fomos ao Mall, o centro comercial da cidade (abre um segundo agora no final do mês e este fecha às seis da tarde). Gastou-se a manhã a explorar operadoras telefónicas para só às três podermos ir almoçar com cartões locais (Orange, tarifário Dolphin – as tarifas têm nomes de zoológico). O sistema é razoavelmente diferente – e mais atrasado – do que em Portugal. Aqui os carregamentos obrigatórios aparentam ser o mais frequente e oferecem-se pacotes de minutos para falar em vez de tarifas mais reduzidas. O meu telemóvel manifestou-se miraculoso desbloqueado por natureza, poupando-me o ₤ de 1. Almoçaram-se umas sandes magníficas, fortissimamente nutritivas, quentes e saudáveis, num sítio de gente sorridente a regressar próximo. Aqui, de resto, todo o mundo se (em)presta a ajudar e abre a conversa espontânea com um sorriso tamanho joker. Vagueámos um pouco, os três: eu, M. e a companheira de quarto dela, uma italiana de nome não lembro (Giulia?). Ela está também em erasmus aqui este primeiro semestre e segue-nos para o house search event amanhã. A cidade parece cada vez mais bonita, como um vinho do porto, que fica melhor na velhice que o cícero elogiava. Hoje conheci enfim de fora alguns dos monumentos mais emblemáticos, entre eles a Uni, coisa neo-gótica bela. No caminho para lá, Christmas Steps, o Quebra-Costas de Bristol. Ao fundo de uma das ruelas, a shop called Shop trazia à memória a velha Popcorn com a sua colecção vintage. Pelo caminho, uma livraria/discoteca (no sentido etimológico) com um cartaz a promover uma feira de livros anarquistas. Perto da Uni, a Blackwell, com algumas das mais belas capas do Oxford World Classics que conheço e a prenda de natal do meu pai (começar a poupar). (acabei de ver um anúncio de um aspirador fascinante). Enriqueci-me de folhetos de todo o jeito. Há que investigar ainda o passe de autocarro: não soa nada rentável. Amanhã começa a busca séria e ninguém me comprou um chapéu ou um norfolk de sherlock holmes. 
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- ₤10 (carregamento telemóvel); - ₤3.99 (almoço); - ₤0.38 (água)
/foto: Christmas Steps, Bristol/

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